Entre Polos

Uma Visita a Igreja de Santo Antônio de Lisboa

Igreja de Santo Antônio de Lisboa

A Igreja de Santo Antônio de Lisboa em Portugal, é considerada a casa do santo, pois foi construída sobre o local do seu nascimento. O santo, é considerado Doutor da Igreja, santo popular, padroeiro secundário de Portugal e de Lisboa. 

Provavelmente, uma primeira ermida, ou um simples nicho, teria sido edificada pouco depois da rápida canonização de Frei Antônio.

Em 1495, D. João II ordena a reconstrução do templo, para que tivesse maiores e mais condignas dimensões. Constantemente cuidada pela cidade e pelos monarcas, no reinado de D. João V recebeu uma grande quantidade de obras. Depois de destruída pelo Terramoto de 1755, salvando-se apenas a capela-mor, a nova igreja foi construída entre 1767 e 1812.

Para a reedificação foi essencial não só o empenho do governo, mas de todo o povo de Lisboa, particularmente das suas crianças, que então pediam pelas ruas “um tostão para Santo Antônio“, tradição que se manteve até aos dias de hoje.

Exterior da Igreja de Santo Antônio de Lisboa

No largo em frente à igreja, encontra-se uma imagem do santo inaugurada pelo Papa São João Paulo II em 1982. A fachada é mais decoradas que as demais igrejas daquele período. Uma escadaria em formato de leque, compensa o desnível da rua.

Ao lado esquerdo, anexo à igreja, pode-se visitar o Museu Antoniano, onde se expõe um espólio diversificado de objetos ligados ao santo.
A fachada lateral sul, que acompanha o declive da subida, apresenta uma decoração de gosto neoclássico. Sob a última janela, uma lápide inscreve o breve do Papa Pio VI concedendo indulgência plenária a quem visitar esta Casa de Santo Antônio.

Interior da Igreja de Santo Antônio de Lisboa

No teto está pintado o brasão com as armas portuguesas e as da família Bulhões. O espaço interior é vibrante de luz e cor. No extenso teto do subcoro, surge um medalhão com os atributos do orago (cruz, livro e lírios), que se repetem várias vezes. No coro, o órgão, encomendado em 1872, é de origem inglesa.


No centro da igreja, a cúpula oferece uma abundante iluminação natural. Sob esta, os mármores embutidos do chão do cruzeiro são particularmente cuidados, configurando padrões geométricos.

A tela do retábulo do lado do evangelho da nave é possivelmente do século XVI, representando Santo Antônio com as feições mais autênticas que se conservam (conhecida como a “vera efígie do Santo“), convocando grande devoção.

Nos topos do transepto, dois altares de cada lado com retábulos em talha um pouco mais cuidada contendo telas da autoria de Pedro Alexandrino de Carvalho: do lado do evangelho, a Assunção de Nossa Senhora e a Natividade; do lado da epístola, o Pentecostes e o Calvário.

Junto ao altar da vera efígie, está a caixa de esmolas do “Pão de S. António“, que solidifica uma antiga tradição generosa inspirada nos milagres do Santo.

No retábulo do altar da sacristia, podemos contemplar uma tela de Bruno José do Vale, em que se representa a Sagrada Família com São João Batista.

A visita completa-se descendo ao coração e motivo de existência da Casa: a cripta que assinala o lugar de nascimento de Santo Antônio. Visitada por São João Paulo II, é um espaço simples, propício à oração ante o altar e a relíquia que lá se encontra.

Capela-Mor da Igreja de Santo Antônio de Lisboa

A capela-mor mantém a mesma abundância de cores e luz. O retábulo é marcado por dois pares de colunas e, na tribuna, por um trono com baldaquino e talha dourada. Ao centro, ergue-se, a bela imagem de Santo Antônio, em madeira estofada e pintada, sobrevivente ao Terramoto de 1755. A ladeá-lo estão as imagens de São Vicente e São Sebastião.

Relíquias de Santo Antônio

Santo Antônio morreu na Itália e o seu corpo foi sepultado em Pádua. Ao longo destes oito séculos, os padres Franciscanos de Pádua, enviaram ao mundo algumas relíquias para a veneração pública dos fiéis que não podem ir a Pádua.

Em Portugal existem algumas dessas relíquias do Santo. Na Igreja de Santo Antônio de Lisboa, pode-se venerar três dessas relíquias.

A mais conhecida, é um osso do braço esquerdo do Santo que se venera no altar mor, junto ao Sacrário e com o qual todas as terças-feiras, após a Missa das 17:00h, é rezado o Responso de Santo Antônio. Também se dá a bênção aos fiéis que depois são convidados a aproximar-se e fazer um gesto de reverência, veneração e amor pelo Santo e pelas graças recebidas de Deus, por seu intermédio.

Um outro Relicário igualmente exposto à veneração é o que se encontra na Cripta/Quarto onde nasceu o Santo. Este Relicário tem dentro, além de um pedaço de um osso do Santo, a Bula Episcopal que comprova a sua autenticidade.

Esse Relicário está em local mais reservado, mas visível, podendo ser tocado ou osculado apenas no dia de Santo Antônio. Nesse lugar, o Papa João Paulo II esteve em veneração em 1982. O Relicário, de uma enorme beleza da arte de filigrana portuguesa, fica exposto para que os milhares de peregrinos que por ali passam possam olhar mais de perto tão pequenino osso mas a tão grande presença intercessora do santo junto de Deus.

Existe ainda mais um Relicário com um pedaço de osso do santo. Este é mais simples, em forma de Cruz com três bolotas em cada ponta, Cruz que faz parte do Brazão da Casa dos pais do Santo. Este Relicário não está habitualmente exposto à veneração dos fiéis, mas guardado em local próprio da igreja juntamente com várias outras Relíquias de Santos sobretudo franciscanos.

Todos estes relicários têm inscrito dentro “Ex ossibus Sanctus Antonius” (retirado dos ossos de S. Antônio). Na parte de trás todos estão lacrados de acordo com as normas canônicas e com o Brazão de quem autentica a veracidade da relíquia.

Não deixe de assistir este vídeo da Agência Ecclesia.

Vida de Santo Antônio

Lisboa era uma cidade recém-cristã, quando na sua catedral foi batizado o menino Fernando Martins de Bulhões – o Santo Antônio, filho da fidalga D. Teresa Tavera e de seu marido Martinho ou Martins de Bulhões.

Viviam em casa própria no bairro da Sé quando o recém-nascido veio a este mundo, no ano de 1145, embora alguns apontem como data de nascimento 1190 ou 1191.

Fernando frequentou a escola da Sé e até aos 15 anos viveu com os pais e com uma irmã de nome Maria. Aos 20 anos professou nos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho em Lisboa, no Mosteiro de São Vicente de Fora. Nesta ordem monástica prosseguiu os seus estudos teológicos.

Rumou a Coimbra ao mosteiro de Santa Cruz, onde tinha à sua disposição a melhor biblioteca monacal do país.  Segundo os seus biógrafos, Santo Antônio haveria lido muito, e não foi por acaso que se tornaria pregador.

Santo Antônio, já ordenado padre, decide mudar de ordem religiosa e também ele passa a usar o hábito dos franciscanos.

É nesta ocasião que muda o nome de batismo de Fernando para Antônio e vai viver com outros frades no eremitério de Santo Antão dos Olivais.

Em maio de 1221 os franciscanos vão reunir-se no chamado Capítulo Geral da Ordem, onde Santo Antônio está presente. No final os frades regressam às suas comunidades de Montepaolo, perto de Bolonha, onde, a par da vida contemplativa e de oração, cabe também tratarem das tarefas domésticas do convento.

Os outros frades reparam na grande modéstia daquele estrangeiro (Santo Antônio) e jamais suspeitaram dos seus profundos conhecimentos teológicos. Findo aquele período de reflexão, como que um noviciado, os frades franciscanos são chamados à cidade de Forlì para serem ordenados e Santo Antônio é escolhido para fazer a conferência espiritual. E começa a falar.

Ninguém até ali percebera até que ponto ele era conhecedor das Escrituras e como a sua fé e os seus dotes oratórios eram invulgares.

Pelo que se sabe quando começou a falar imediatamente cativou os outros frades e a sua vida seria a partir daquele dia de pregador da palavra de Cristo. Percorrerá diversas regiões da atual Itália, entre 1223 e 1225. Por sugestão do próprio São Francisco vai ser mestre de Teologia em Bolonha, Montpelier e Toulouse.

Quando São Francisco morre, em 1226, Santo Antônio vai viver para Pádua. Aqui vai começar por fazer sermões dominicais, mas as suas palavras tão cheias de alegorias eram de tal modo acessíveis ao povo mais ou menos crente, que cada vez mais se junta gente nas igrejas para o ouvir.

Da igreja passa para os pátios abertos, para conter as multidões que não param de engrossar. Dos pátios passa a falar em campo aberto e é escutado por mais de 30 mil pessoas. É um caso raro de popularidade. A multidão segue-o e começa a fama de que faz milagres.

Os rapazes de Pádua têm mesmo que fazer de guarda-costas do santo português tal a multidão à sua volta. As mulheres tentam aproximar-se dele para cortarem uma pontinha do seu hábito de frade como uma relíquia.

O bispo de Óstia, mais tarde papa com o nome de Alexandre IV, pede-lhe que escreva sermões para os dias das principais festas religiosas que eram já muitas na época. Mais tarde seria este papa a canonizá-lo. Santo Antônio assim faz. São hoje importantíssimos esses documentos escritos, porque Santo Antônio como pregador escreveu pouco. Apenas lhe são atribuídos “Sermones per Annum Dominicales” (1227-1228) e “In Festivitatibus Sanctorum Sermones” (1230).

Sentindo-se doente, o santo pediu que o levassem para Pádua onde queria morrer, mas foi na trajetória, num pequeno convento de Clarissas, em Arcela, que Santo Antônio faleceu. Era o dia 13 de junho de 1231.

Depois, foi canonizado, em 1232, ainda se não completara um ano sobre a sua morte. Caso único na história da Igreja Católica. Já que nem São Francisco de Assis teve tal privilégio.

Através dos séculos, a sua fama espalhou-se por todos os continentes. No dia 13 de junho de cada ano, Lisboa e Pádua comemoram igualmente a passagem por este mundo de um português que pregou a fé e morreu em Pádua.

Como todos os santos, é universal.

Texto extraído do original, que pode ser acessado no site: https://www.stoantoniolisboa.com/vida-de-santo-antonio

Crédito da imagem destacada: LisbonLux.

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