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Uma Viagem de 8 Meses em Números

Backpacking

MochilãoOlá a todos!

Se você é como eu, depois de uma viagem longa (ou até mesmo curta), deve achar difícil encontrar maneiras de condensar toda a sua experiência em pequenas partes para compartilhar com seus curiosos amigos e familiares. Pelo menos no meu caso, quando eu sou abordada com perguntas “como foi sua viagem?” ou “qual foi o seu lugar / experiência / atividade favorita?”, eu sinto dificuldade em dar uma resposta.

Já tendo essa experiência no passado, e sabendo que eu estava prestes a fazer a minha maior e mais cara viagem, eu queria achar um jeito de relatá-la em partes, tanto como uma forma de compartilhar a minha experiência com os outros, mas também por pura curiosidade da minha parte….então eu escolhi números.

Agora, apesar de números não conseguirem expressar todas as paisagens, sons e experiências englobadas dentro de uma viagem, eles conseguem oferecer um retrato dessa experiência que, esperamos, possa dar às pessoas uma ideia do que eu estava fazendo por 8 meses no ano passado.

Então, sem mais delongas, aqui está a minha documentação de uma viagem de mochilão de oito meses em números:

 

O Básico

 

Duração da viagem: 8 meses e 5 dias (04 de abril de 2014 a 09 de dezembro de 2014)

Nº de países visitados: 21,5 (sim, eu visitei metade de um país)

Embora não sejam universalmente reconhecidos, para a minha contagem de países eu considerei a Palestina como separada de Israel, bem como Kosovo separado da Sérvia. Eu faço isso sem a intenção de ser política, mas simplesmente porque, da perspectiva de uma viajante, eles são separados, uma vez que eles têm fronteiras para atravessar e uma linguagem, estrutura política e cultura que difere de sua contraparte.

Ruínas de Butrint, Albânia

Para quem está curioso em saber como eu consegui visitar metade de um país, leia o artigo do Rodrigo sobre a Transnístria`, um bizarro Estado separatista da Moldávia originário do colapso da União Soviética.

Essa foi a minha rota: 

Suécia → Israel → Palestina → Alemanha → Luxemburgo → Bélgica → Países Baixos → Inglaterra → Grécia → Albânia → Macedônia → Kosovo → Montenegro → Sérvia → Romênia → Moldávia → Transnístria → Ucrânia → Polônia → Dinamarca → Espanha → Portugal

Nº de cidades visitadas: 67

 

Acomodação

 

Nº de albergues em que me hospedei: 56

Nº dos hotéis em que fiquei: 6

Nº de vezes em que dormi em um ônibus, trem, avião ou em um aeroporto: 12

Nº de dias com acomodação grátis: pouco mais de três meses

Isso se consistiu no seguinte:

  • dois meses em Malmö, Suécia, visitando alguém muito especial
  • uma semana no interior da Polônia, onde eu me voluntariei em um acampamento de imersão de Inglês em troca de casa e comida grátis (você pode conferir sobre o programa aqui)
  • 10 dias em Toledo, Espanha, onde visitei minha “mãe anfitriã”, da época em que fiz intercâmbio na Espanha há alguns anos
  • duas semanas no Alentejo, Portugal, onde eu me voluntariei em uma fazenda hotel em troca de casa e comida

 

Baía da Kotor, Montenegro

 

Transporte: um mal necessário

Nº de trens tomados: 29

Então, para não tornar este número excessivamente alto, eu só contei trens entre as cidades, não dentro das cidades.

Nº de ônibus tomados: 46

Mais uma vez, eu só contei ônibus entre as cidades, não dentro das cidades.

Nº de aviões tomados: 7

Nº de táxis tomados: 7

Embora eu particularmente não goste de táxis (se você está curioso porquê, veja o artigo do Rodrigo sobre transporte … compartilhamos o mesmo ponto de vista sobre este assunto), mas houve alguns casos em que não havia outra escolha por questões de tempo, segurança ou, simplesmente, opções limitadas.

Nº de caronas: 8

Curiosamente, a maioria das caronas que eu peguei foram acidentais.

Nº de horas gastas em transporte (mais uma vez, apenas entre cidades): 280,5 horas = 11,7 dias = 1 semana, 4 dias, 16 horas

Este número foi um choque para mim. Felizmente, eu sempre tinha o meu kindle e um bom audiobook na mão para me ocupar.

 

Castelo Vianden, Luxemburgo

Atividades

 

Nº de museus visitados: 31

Meus favoritos: O Museu Britânico e o Museu de História Natural em Londres.

Nº de igrejas, mosteiros, abadias ou catedrais visitadas: 51

ABC … alguém?

O meu favorito: Santuário Bom Jesus de Monte, em Braga, Portugal.

Nº de castelos, fortalezas ou palácios visitados: 27

O mais decepcionante: Castelo do Drácula em Bran, Romênia.

O meu favorito: Castelo de Hamlet em Helsingør, Dinamarca ou o Castelo de Peles em Sinaia, Romênia.

Nº de “Free Walking Tours”: 33

Se na cidade em que eu estava havia um desses passeios, eu os fazia sem dúvida. Se você não sabe o que é um “tour a pé de graça”, clique aqui e procure pelo terceiro item.

Nº de trekkings: 14

O meu favorito: Parque Nacional de Durmitor, Montenegro ou o Parque Nacional Pelister, na Macedônia.

Nº de mesquitas visitadas: 3

2 em Kosovo, e 1 na Romênia.

 

Castelo de Peles, Romênia


Coisas infelizes: se viagens fossem apenas alegrias…

 

Nº de vezes em que perdi o meu transporte (ônibus, trem, etc): 3

Nº de vezes em que eu quase perdi meu transporte: mais vezes do que eu gostaria de mencionar

Nº de vezes em que tive que pagar para usar o banheiro: 11

Agora eu aprecio plenamente o fácil acesso nos Estados Unidos a banheiros gratuitos muito mais do que eu jamais imaginaria.

Nº de vezes que eu acidentalmente comprei uma coisa errada porque não entendia a língua que estava escrita no rótulo: 5

  • água gaseificada em vez de água sem gás (por qualquer motivo, eu realmente não suporto água gaseificada … então, esta foi uma grande decepção)
  • ketchup em vez de molho de macarrão (meu macarrão ficou com um gosto estranho naquela noite)
  • uma bebida de gordura vegetal (?) em vez de leite…..traumatizada para o resto da vida….

 

Olhe atentamente esse “Star Bucks” em Belém, Palestina

Nº Conflitos infelizes com a polícia: 2

Você pode ler sobre isso aqui em um blog que eu mantive esporadicamente ao longo da minha viagem.

Nº de itens perdidos: 5

Esses objetos variaram desde um prendedor de cabelo até a minha câmera e telefone celular……itens que eu consegui perder em ocasiões separadas.

Nº de chuveiros frios no albergue: 29

Melhor do que o esperado, para ser honesta.

Nº de vezes que eu acidentalmente sentei na 1ª classe do trem e foi expulsa: 2

Em minha defesa, eu não conseguia ler os sinais.

Nº de vezes em que meu ônibus quebrou: 4

Os Balcãs são conhecidos pelo transporte de qualidade duvidosa…

Nº de vezes que eu desejei ter trazido menos coisas na mochila: 5

Principalmente quando eu tive que lidar com uma longa subida a pé para chegar à minha acomodação.

Lago Ohrid, Macedonia

 

Estatísticas aleatórias para coisas que normalmente não pensei, tais quais

 

Nº de cortes de cabelo: 1 (recebido em Peja, Kosovo)

Talvez eu devesse ter tido mais cortes do que isso ao longo de oito meses, mas, sinceramente, eu não tinha ninguém para impressionar. Meu único corte de cabelo foi uma experiência muito interessante porque, apesar do fato do cabelereiro não falar Inglês, eu ganhei um café e um novo amigo no Facebook junto com o serviço.

Nº de livros lidos: 34

Nº de diários completados: 3

Nº de novos amigos no Facebook: 40

Eu não estou realmente certa de como isso aconteceu.

Nº de pessoas com quem eu tive a “conversa típica de viajante”: 167

Caso você já tenha feito qualquer tipo de viagem de mochilão, ou tenha ficado em albergues, eu acho que você sabe exatamente de que conversa eu estou falando. É aquela série de perguntas que acontecem cada vez que você encontra um outro viajante pela primeira vez: “de onde você é?”, “para onde você vai depois?”, “onde você já esteve?”, etc. Muitas vezes, tudo isso acontece antes mesmo de se perguntar o nome um dos outros.

Nº de vezes em que mudei de fusos horários: 6

 

Dinheiro

 

de dólares gastos ≈ US$ 8.000,00

Este é, sem dúvida, o número que as pessoas mais queriam saber. Infelizmente, porém, eu não mantive um bom controle do número exato … eu simplesmente sabia mais ou menos quanto dinheiro estava na minha conta bancária quando eu comecei a viagem, bem como o quanto estava lá quando eu terminei. No mínimo, porém, isso deve te dar uma estimativa aproximada. Como eu consegui o meu voo para a Europa (quase) gratuitamente, graças a milhas e bônus desses cartões de crédito, o meu gasto total foi muito menor do que poderia ter sido de outra forma. Além disso, como mencionado acima, recebi acomodação gratuita por cerca de três meses. Se você olhar para o meu itinerário, você também vai notar que a maior parte da viagem foi feita por terra, que é, naturalmente, muito mais econômico do que voar. Além disso, eu viajei muito pela Europa do Leste e Balcãs, que são muito mais baratos do que a Europa Ocidental.

Para aqueles que pensam que uma viagem em geral é cara, posso garantir-lhes que eu poderia ter gastado um pouco menos se eu realmente quisesse. Em vez disso, eu escolhi ocasionalmente pagar extra para ficar em um quarto de albergue privado, bem como elevei o meu orçamento de comida para tentar comer melhor do que eu tinha comido em viagens de mochilão feitas no passado (é chocante o quanto a sua dieta pode te energizar ou te derrubar). Além disso, eu nunca deixei de fazer qualquer coisa que eu realmente quisesse fazer durante a minha viagem. Por exemplo, eu estava disposta a pagar para ver quatro shows em Londres (eu estava obcecada), bem como 50 Euros para fazer rafting em Montenegro.

Pegando o total e dividindo por mês, dá uns US$ 1.000 por mês (incluindo tudo… acomodaçãoalimentaçãotransporteseguro de viagem, etc.), viajar poderia, de fato, ser mais barato do que pagar por despesas básicas onde moro nos Estados Unidos.

Um lugar estranhamente parecido em Pristina, Kosovo

 

Últimos pensamentos que não estão relacionados a números

 

Lugares onde fiquei mais agradavelmente surpresa:  Luxemburgo, Albânia, Montenegro e Macedônia

Algumas das minhas experiências favoritas:

  • visitar uma estação de espionagem abandonada da Guerra Fria, perto de Berlim, Alemanha (sim, isso foi tão legal quanto parece e você pode ler sobre isso aqui)
  • assistir a uma ópera em Tirana, Albânia (você pode acreditar que foram apenas 7,00 dólares!?!?)
  • quebrar o jejum do Ramadã, durante o jantar com os muçulmanos kosovares em Pristina (Kosovo é, sem dúvida, o lar de algumas das pessoas mais simpáticas que já conheci)
  • rever na Espanha a minha “mãe anfitriã” de quando eu estudei lá há vários anos
  • voluntariar durante a Maratona da Palestina Right to Movement
  • voluntariar em um acampamento de imersão de Inglês para profissionais na Polônia
  • ir ao Estúdios do Harry Potter da Universal em Londres (eu não tenho nenhuma vergonha em negar o meu amor por Harry Potter)

 

Teufelsberg – Ex-base espiã em Berlin, Alemanha

 

Algumas das minhas experiências menos felizes:

Como eu mencionei acima, infelizmente, longas viagens (especialmente em regiões menos desenvolvidas) tendem a ter um pouco de altos e baixos. Enquanto eu encontrei algumas situações incrivelmente frustrantes e estressantes durante a minha viagem (como encontrar-me assustadoramente perdida ou “presa” em um lugar onde ninguém falava Inglês, ter perdido o ônibus, encontrado alguém que queria se aproveitar de mim por eu ser uma estrangeira em um lugar estranho, etc.), não houve nenhum único incidente que aconteceu que seja suficientemente ruim para que tenha me deixado traumatizada ou até mesmo tenha me marcado o suficiente para escrever sobre isso aqui.

Agora, é claro que isso não quer dizer que não há alguns riscos relacionados a viagens (infelizmente, em viagens anteriores eu tive experiências com roubo e alguns, uh, policiais “não tão honestos”). No entanto, posso dizer com confiança que o carinho que tenho pelas minhas experiências favoritas supera de longe qualquer amargura que eu poderia ter tido com aquelas não tão agradáveis.

Igreja Bom Jesus do Monte, Braga, Portugal

Em outras palavras, se eu sobrevivi viajando sozinha por regiões do mundo que a mídia iria levá-lo a acreditar que devam ser evitadas a todo custo porque elas são habitadas por perigos (assassinos, terroristas, traficantes de órgãos, pessoas que odeiam Americanos, membros de gangues , vigaristas, mafiosos, traficantes de drogas, criminosos sexuais, o bicho-papão, alienígenas, guerra, terremotos, furacões, tufões, Sharknados, Lord Voldemort, Drácula….), isso é provavelmente porque a mídia não está exatamente te dizendo toda a verdade. Infelizmente, a mídia está preocupada com os níveis de audiência e, muitas vezes exagera na negatividade para obter maiores audiências.

Então, basicamente o ponto que eu estou tentando passar com este discurso é que, para aqueles que têm medo de fazer algo assim, não tenha! Claro que é sempre bom ser cauteloso, mas, se eu posso fazer isso, não há nenhuma razão para que você não possa também. Seria uma pana perder a oportunidade de explorar toda a beleza que este planeta tem a oferecer por causa do medo, não é?

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Bem, o que você achou? Eu sei que foi um longo artigo por isso, se você chegou até este ponto….parabéns!

Houve algum número no artigo que te surpreendeu ou te chocou? Tem mais alguém mais por aí que fez algo semelhante para documentar a sua viagem? Se sim, conte para nós nos comentários abaixo!

Gostamos de ouvir você, então por favor não hesite em pedir conselhos (tipo como lidei sendo mulher e viajando sozinha), detalhes (tipo a que cidades eu fui em um determinado país), ou qualquer outra pergunta que você esteja ansioso em saber!

Boas viagens!!

*Este artigo foi escrito pela editora e escritora colaboradora do site, Nikki Elliott. Nikki é Americana e já fez várias viagens de mochilão e é atualmente professora de Inglês na Coréia do Sul. Se você deseja entrar em contato com ela sobre o artigo, por favor, comente abaixo.

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