Entre Polos

Roteiro Pela Acrópole de Atenas – Uma Viagem à Grécia Clássica

Acrópole de Atenas

Estive em Atenas há quase um ano, mas até agora escrevi muito pouco sobre aquela viagem. Há muito tempo queria conhecer a Grécia, mas sem dúvida o que mais eu esperava ver, era a Acrópole de Atenas.

A Acrópole de Atenas, com o monumental Partenon como ponto principal, é uma colina na região central da moderna Atenas. O significado de expressão acrópole é Cidade Alta, a qual era um local de culto do mundo grego antigo e também de refúgio nos momentos em que a cidade estava sob ataque.

Sabe-se que os Micenas ocuparam aquela área, cerca de 1.400 A.C., e que eles construíram seu palácio naquele local. Sabe-se também que os atenienses começaram a construir seus santuários ali por volta do ano 800 A.C. Contudo a história deu uma reviravolta, quando os Persas, expulsaram os atenienses e profanando e incendiando todos os templos.

O povo de Atenas, retomou o poder somente por volta do ano 450 A.C. O período que veio à seguir ficou conhecido como Era Dourada e perdurou por aproximadamente 50 anos. Durante aquele período a Acrópole de Atenas foi transformada em um complexo de templos imensos e super ornamentados. Um arquiteto visionário, Fídias, foi contratado para supervisionar todas as obras.

Apenas quatro dos grandes templos ainda podem ser vistos, mas formam em conjunto, um belo exemplo do que foi a Era Dourada grega, assim como serviram de inspiração para todas as civilizações ocidentais que vieram a seguir.

Para conhecer a Acrópole prepare-se para um jornada de pelo menos duas horas e uma subida com um certo grau de dificuldade para algumas pessoas. Li no site oficial que o local é parcialmente acessível para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, incluindo um elevador, mas confesso que não reparei nisso. Você pode clicar aqui para ver o mapa com o caminho que será percorrido da entrada principal até o local mais alto.

Procure fazer a visita o mais cedo possível, não somente para evitar o grande número de pessoas, mas também o sol quente da Grécia. Para subir todo o caminho você precisará de uns 20 minutos.

As facilidades por lá não vão muito além de banheiros e bebedouros de água. Então, traga tudo o que considerar necessário, como protetor solar, chapéu, capa de chuva, etc… menos comida, é totalmente proibido comer durante a visita.

Vou tentar fazer aqui um pequeno roteiro para a sua visita à Acrópole de Atenas.

Repare próximo à entrada principal uma grande pedra escarpada, chamada de Areópago. Foi de cima dela que Paulo o Apóstolo de Jesus, fez sua pregação aos atenienses no século primeiro.

Cada um dos povos que conquistou Atenas, como os Macedônios, os Romanos e os Turcos, acabaram deixando suas marcas na história da Acrópole. Veja o primeiro exemplo disso, antes de chegar ao topo, desvie um pouco seu caminho para a direita, para poder apreciar a vista do Odeon.

Odeon de Herodes Ático

Esse teatro foi construído em 161 D.C. durante o Império Romano, mas continua em uso até os dias de hoje. Tem capacidade para receber até 5000 pessoas. O estilo do teatro não é o grego, e sim romano. Acredita-se que originalmente ele era coberto com um teto, mas não em toda a sua extensão.

Recebeu o nome de seu construtor, que o fez em memória de sua esposa. É um dos edifícios mais famosos dos muitos que ele financiou em todo o país.

Após sua destruição em 267 D.C. devido à invasão inimiga, o Odeon nunca foi reconstruído. Somente no século XIX teve início uma escavação, quando toneladas de terra foram removidas e ele pode ser restaurado entre os anos de 1952 e 1953. Desde então, passou a receber diversos espetáculos de dança, teatro, óperas e shows. Sendo o mais emblemático deles, o Yanni Live At The Acropolis com a Royal Philharmonic Orchestra que aconteceu em 1993. O concerto tornou-se o primeiro álbum ao vivo do compositor e músico grego que aliás está vendendo um novo álbum comemorativo de 25 anos do evento.

Desse mesmo local que você está, agora olhando para o alto, é possível ver o Templo de Atena Vitória ou Nike.

Templo de Atena Nike

Esse é um templo pequeno, o menor da Acrópole de Atenas, é quase quadrado com apenas quatro colunas na frente e outras quatro na parte de trás. É o único templo da Acrópole onde as colunas são monolíticas, ou seja, feitas de apenas um bloco. Foi construído aproximadamente em 425 A.C. num estilo que era uma vanguarda para a época, o jônico. Em seu interior estava uma estátua de madeira em tamanho natural da deusa da vitória. Outras estátuas que estavam em seu interior, hoje estão no novo Museu da Acrópole em Atenas.

A sua restauração durou 10 anos e para isso foram utilizados os critérios que a UNESCO estabelece:

Toda a Acrópole era basicamente dedicada à Atena, a padroeira da cidade, assim, no Templo de Atena Nike ela era reverenciada por ter trazido a vitória dos atenienses (em uma aliança com outras cidades-estado gregas) sobre os persas na última batalha das Guerras Médicas (479 A.C.).

A estátua, supostamente também deveria proteger os espartanos na futura Guerra do Peloponeso, mas os atenienses, quebraram suas asas para que ela permanecesse ali e protegesse a sua cidade. A partir daí o templo passou a ser conhecido como da “vitória sem asas“.

O Monumento de Agrippa

Esse pedestal que está do lado esquerdo da escadaria, foi construído com mármore cinza. Originalmente suportava uma escultura de bronze de uma carruagem com quatro cavalos, dirigida pelo campeão dos Jogos Olímpicos do ano 178 A.C.

Cada novo governante também quis estar em destaque ali, assim as esculturas no alto do pedestal foram trocadas no decorrer do tempo. Durante a ocupação romana, por exemplo, Marco Antônio mandou colocar uma estátua sua e de Cleópatra, as quais mais tarde foram substituídas pela do general Agrippa.

Portão Beule

Enquanto você estiver subindo a escadaria, olhando para trás verá o portão que foi usado como entrada oficial da acrópole, durante o período Romano. Esse portão foi construído com os restos de edificações destruídas durante uma invasão bárbara. O nome refere-se ao arqueólogo francês que a descobriu em 1852.

Propileu

Continuando a subida, você vai passar pelo Propileu ou Propileia, que é um monumental portão de entrada da Acrópole. Esse caminho que você vai fazer é o mesmo que era feito uma vez por ano, pelos peregrinos da antiguidade que iam até lá para o Festival Panathenaia.

A Panathenaia era o festival de toda a Atenas e foi instituído pelo seu primeiro rei. A procissão do festival tinha como ponto final o altar de Atena, que ficava ao ar livre entre o Partenon e o Erecteion, onde era realizado o sacrifício de um touro.

Esse imenso edifício tinha o formato de “U” e em sua ala da esquerda havia uma pinacoteca (galeria de pinturas) e era usado para receber pessoas importantes. Na ala da direita havia uma sala com a estátua de Hermes, que conduz para o templo de Atena Nike logo ao lado. Originalmente, o Propileu era coberto com um teto extraordinário feito em mármore vazado.

Todos os edifícios que estão na Acrópole de Atenas, como já mencionei, foram construídos em um período de 50 anos e tinham sempre a função de complementar um ao outro. O Propileu foi construído com a intenção de dar as boas vindas aos seus visitantes, parecendo ser um mini Partenon e já dar um gostinho do que viria a seguir.

Passando o grande portão chegamos ao platô onde fica a Acrópole propriamente dita. Atualmente só vemos ruínas e muitas pedras (bem lisas) que marcam os locais onde antes existiam muitas estátuas. Olhando para o lado direito está o Partenon e para o esquerdo está o Erecteion com as famosas colunas em forma de mulheres. Mas na Grécia Antiga, um turista que chegasse aqui, se depararia com uma estátua gigante de Atena Promacos, a qual era conhecida como Atena de Bronze, para ser diferenciada da outra que estava dentro do Partenon.

Atena como padroeira da cidade era reverenciada por sua sabedoria, sua pureza e sua força. No caso da Atena Promacos ela representa sua força e é caracterizada como um soldado (promacos) da linha de frente. Infelizmente essa estátua sumiu ainda na antiguidade.

Partenon

Agora sim, chegamos ao Partenon, o edifício mais bem construído e mais famoso de toda a antiguidade, e eu diria que até os dias de hoje, não é? Ele ainda é imponente, mesmo estando em ruínas, agora imagina há 2.500 anos? O que vemos de imediato é o lado oeste, mas a entrada do templo era no lado oposto.

O que significa a palavra Partenon?

A palavra Partenon vem do nome da Atena Partenos, para a qual ele foi construído. Partenos, significa virgem, ou seja, a Atena Virgem. Então, Partenon significa “o templo da deusa virgem“, mas essa é apenas uma das teorias da origem do nome, contudo as demais ficam também nessa linha de pensamento.

Uma estátua de ouro com aproximadamente 12 metros de altura estava dentro do templo. Além de servir para adoração, ela também servia como reserva de ouro da Grécia Antiga.

A estátua da Atena Partenos também desapareceu sem data ou circunstâncias conhecidas, mas a sua imagem ficou registrada em relatos literários, cópias reduzidas e moedas. Ela é uma das primeiras obras clássicas da escultura grega e se tornou uma das estátuas mais famosas da antiguidade.

O Partenon tem a forma de um retângulo, formado por 46 colunas externas no estilo dórico e mais 19 colunas internas, em estilo jônico. Ele é imenso, mas o que é mais incrível, é como a construção pode ser tão harmoniosa. Para isso os arquitetos que o projetaram corrigiram uma porção de efeitos óticos.

Por exemplo, as colunas não são retas e sim inclinadas e ligeiramente para dentro. As colunas dos cantos são um poucos mais grossas que as demais, senão aparentariam ser menores. Além disso todas as colunas são levemente inchadas até a sua metade para parecerem mais robustas. Ou seja, praticamente não existem linhas retas no Partenon.

O sistema de construção das colunas do Partenon era o de roldanas, para colocar um bloco de mármore em cima do outro. Cada bloco que era colocado era polido, para que o seguinte escorregasse em cima e se encaixasse perfeitamente. Assim já construíram à prova de tremores de terra há 2.500 anos.

 

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O frontão que existia no lado oeste, estava adornado com cenas da competição pelo patronato da cidade, entre Atena e Poseidon, ela com sua oliveira e ele deus dos mares com o seu tridente.

Já o frontão que estava no lado oposto, acima da entrada principal do templo, mostra cenas do nascimento de Atena, assim como estátuas de outros deuses, sempre em tamanho natural. Segundo o mitologia grega, Zeus teve uma tremenda dor de cabeça e pediu a Hefesto que lhe abrisse a cabeça com uma machadada. Quando a cabeça se abriu, saiu Atena, já adulta e vestida para a guerra.

O Partenon conservou sua magnitude por 2.200 anos pois sua destruição só começou há 300 anos. Lamentavelmente não foi a natureza que o destruiu e sim os seres humanos. Esse edifício inspirou gerações de gregos e mais tarde os romanos, que sempre apreciaram enormemente a cultura grega. Durante o Império Romano os deuses gregos continuam as ser adorados, apenas mudam de nome, Atena, por exemplo, passou a ser chamada de Minerva.

Após a queda do Império Romano, o Imperador Teodósio fechou todos os templos pagãos e transformou o Partenon em uma igreja cristã. Seu interior foi totalmente redecorado com afrescos cristãos e durante toda a Idade Média foi uma importante parada para os peregrinos europeus.

Em 1456 os Turcos invadiram a região e o Partenon foi transformado em uma mesquita e inclusive um minarete foi anexado. Estes, sofreram ataques dos venezianos enquanto usavam a Acrópole para guardar sua munição. Foi aí que aconteceu a primeira grande destruição no ano de 1687, quando um armazém de pólvora turco, foi explodido pelo novo invasor. Das quatro paredes internas, três caíram, além de 14 colunas.

A segunda destruição aconteceu em 1802, quando Lord Elgin, um embaixador britânico aproveitando o momento político que a região se encontrava, conseguiu uma permissão (ou não) para retirar as esculturas do Parthenon. Ele contratou pessoas para fazer isso, mas dizem que ele próprio pegou em serrotes para conseguir pegar tudo que fosse possível. Aguardou 15 anos, para depois vender para o Museu Britânico. A Grécia alega ter sido simplesmente roubada e continua negociando para que as obras retornem ao país.

A Grécia renasceu em 1829 e a arqueologia recebeu autorização para restaurar seus monumentos, mas como havia poucos métodos científicos nessa época, acabaram destruindo mais do que restaurando. Eles uniam mármores quebrados com ferro, o qual dilata, oxida e prejudica o mármore. Já no século XX começaram a fazer remendos com cimento, danificando ainda mais as estruturas.

Uma nova restauração se iniciou em 1983, substituindo o ferro por titânio e o cimento por mármore. Essas obras tinham a previsão de acabar em 2006, mas continuam até hoje porque um novo problema, mais urgente, foi encontrado: a contaminação pela poluição. Então passou a ser prioridade, fazer a manutenção do mármore. Cada bloco é retirado, limpo com laser e passado uma resina impermeável, para depois ser colocado novamente em seu lugar.

Provavelmente essas obras ainda demorarão um bom tempo para serem concluídas, mas certamente o resultado será magnífico.

Erecteion

O Erecteion é o templo mais peculiar da Acrópole de Atenas. Diferentemente de todo templo grego que é sempre simétrico, este é totalmente assimétrico. Não foi feito terraplanagem, assim de um lado as colunas são pequenas e do outro são bem mais altas para compensar o declive do terreno.

Apesar de aparentemente estar ofuscado pelo Partenon, ele na realidade é o que tinha mais prestígio. Isso porque ele foi construído sobre um local que já era considerado sagrado. Além de ter sido o local onde séculos antes estava o palácio dos Micenas. Foi naquele local que aconteceu a competição entre Atena e Poseidon para ver quem seria o patrono da cidade.

Na competição Poseidon presenteou a cidade com uma fonte de água e Atena deu de presente uma oliveira. O povo considerou que a fonte de água, representava abundância e força, mas a oliveira representava a paz, o trabalho e o desenvolvimento. Assim Atena foi a vencedora e a cidade recebeu o seu nome, o plural foi por conta de serem várias representações de Atena.

A outra peculiaridade é que em um dos lados há uma varanda com estátuas no lugar de colunas, as famosas cariátides. As cariátides são figuras femininas, graciosas que são usadas como sustentação na arquitetura da antiguidade. O nome em grego significa “moças de Karyai”, uma antiga cidade do Peloponeso, famosas por sua postura ereta e caráter nobre.

As que vemos ali são réplicas, quatro das originais estão no Museu da Acrópole em Atenas, uma está em Londres e a outra em Paris. Conforme já mencionei a poluição está sendo a pior inimiga dos monumentos antigos, então as originais foram retiradas por precaução.

Por fim a última peculiaridade do Templo de Erecteion, é que na realidade não era apenas um templo e sim três templos em um mesmo edifício. Ali três divindades eram cultuadas: Atena Polis, a deusa protetora da cidade, Poseidon, o deus dos mares e Erecteu, esse não era um deus e sim um rei de Atenas que foi morto em batalha, tornou-se um herói e o templo acabou recebendo o seu nome.

Teatro de Dionísio e Museu da Acrópole

Após apreciar todos os templos, não deixe de caminhar pelos extremos da Acrópole para ter excelentes vistas da cidade de Atenas. Você poderá avistar, a Antiga Ágora, o bairro de Plaka, o edifício do Parlamento grego na Praça Syntagma, o Parque Nacional, o Estádio Panatenaico, o Templo de Zeus Olímpico, o Arco de Adriano e como mostra a foto, o Teatro de Dionísio e o Museu da Acrópole.

O Teatro de Dionísio é o teatro mais antigo do mundo, era ali que na Era Dourada de Atenas os gregos iam para assistir grandes apresentações. Vale lembrar que o teatro moderno nasceu em Atenas. Assim como este, os teatros eram construídos em encostas naturais.

Atrás do teatro está o Museu da Acrópole, o qual eu recomendo imensamente que você visite. Trata-se de um museu super moderno que foi construído para abrigar muitos dos tesouros que um dia decoraram a Acrópole de Atenas.

O último andar foi construído nas mesmas proporções e mesmo ângulo que o Partenon foi. Nele estão as poucas decorações que ficaram na Grécia, mas estão distribuídas exatamente como estariam em seu original. Excelente para completar a visita da Acrópole.

Horário:

Diariamente das 08:00h às 20:00h (última entrada às 19:30h)
Durante o verão poderá fechar sempre que a temperatura exceder a +/- 37°C

Acesso:

Estação de Metro Acropolis e segue pela Av. Dionysiou Areopagitou.
Estação de Metrô Monastiraki e entra pelo sítio arqueológico da Ágora Antiga ou pelo bairro de Plaka.

Obs.: Por razões de segurança só é permitido entrar com bolsas ou mochilas pequenas.

Valores dos Ingressos:

Inteira: €20
Válido para a Acrópole e as colinas abaixo como o Teatro de Dionísio e o Odeon.
Também é vendido um outro ingresso no valor de €30, válido por 5 dias, com o qual você pode visitar todos os sítios arqueológicos que pertencem ao estado.
Gratuito: Todo primeiro domingo do mês, entre novembro e março.

Este post faz parte de uma blogagem coletiva chamada de 8on8, onde alguns blogs de viagem postam 08 fotos no dia 08 de cada mês, sempre seguindo um tema previamente escolhido. O tema deste mês é “Patrimônios Mundiais declarados pela UNESCO”.

Felizmente existem vários patrimônios sob a proteção da UNESCO atualmente, abaixo estão os links para os demais blogs que participaram do projeto este mês.

Turistando.in8on8 – Patrimônio Mundial UNESCO na Itália 

Travel Tips Brasil Bath Inglaterra – o que fazer na cidade?  

Let’s Fly Away [8on8] Nara Japão: roteiro de viagem para se encantar 

Destinos por onde andei…A Última Ceia de Leonardo Da Vinci – Milão 

O Berço do MundoBom Jesus de Braga: património mundial da UNESCO

Mulher Casada Viaja – As Cinque Terre da Ligúria, Itália

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Crédito foto de capa: Christophe Meneboeuf