Tour com Guia Local Pelo Centro Histórico de Olinda
Last Updated on by Rodrigo Souza
Andando pelo Centro Histórico de Olinda, descobrimos a razão da pequena cidade nordestina deter uma variedade de títulos em seu currículo. Para muitos foliões, é lá que acontece o Melhor Carnaval do Brasil ou talvez do Mundo. Olinda está na lista do Patrimônio Cultural da Humanidade da Unesco desde 1982. Durante o período militar recebeu o título de Monumento Federal e em 2005 recebeu o de 1ª Capital Brasileira da Cultura, concedido pela ONG Capital Brasileira da Cultura. Por suas extensas áreas verdes também possui o título de Cidade Ecológica.
O valor histórico que podemos vivenciar nessa linda cidade, que já foi uma das principais vilas do Brasil Colônia, faz com que uma visita guiada ao Centro Histórico de Olinda seja memorável e um complemento para nossos tempos de escola. Contudo não é só isso, a cidade também conta com inúmeros bares e restaurantes, onde podemos saborear a deliciosa comida regional. Os cardápios são variados e vão dos mais simples aos mais sofisticados com releituras dos pratos tradicionais.
Dica: 👉 O Cantinho da Sé é um dos restaurantes mais tradicionais do centro histórico de Olinda.
Também encontramos um belíssimo artesanato, os quais podemos comprar diretamente dos artesãos em suas vendas improvisadas nas ruas, no Mercado de Artesanato, no Mercado da Ribeira ou ainda em algumas lojas que revendem a produção dos artesãos locais.
Tour com Guia Local, a melhor forma de conhecer o Centro Histórico de Olinda
Para fazer um tour com um guia local é muito fácil. Logo que se chega à cidade, você já é abordado por uma equipe de pessoas que vem oferecer o serviço. Eles pertencem à ACNO – Associação dos Condutores Nativos de Olinda. Pelo que nosso guia nos contou, a origem dessa comunidade foi nos anos 1980. Tratava-se de uma instituição que organizou e acolheu os guias mirins que abordavam os turistas pelas ladeiras de Olinda.
O projeto da instituição era integrar assistência social, inclusão, cultura e negócios. Recebia o apoio de Dom Helder Camara (arcebispo de Olinda e Recife no período de 1964 a 1985) e sua sede era justamente nos fundos da Catedral da Sé de Olinda. Lamentavelmente o projeto não passou dos anos 90, mas em 2006 foi resgatado por um ex-integrante e transformado na associação. Muitos dos membros são alguns dos guias mirins do passado, inclusive o nosso guia.
Então, não deixe de prestigiar os guias locais, pois todos se preparam e conhecem muito bem a história da cidade. Isso certamente deixará sua visita muito mais enriquecedora e você ainda estará contribuindo com um projeto social. Eles não cobram um valor estipulado, é você quem decide no final do tour, quanto vai pagar.
Vale lembrar que o tour vai demorar quanto tempo você desejar, mas reserve pelo menos duas horas para conhecer o mínimo. Eu particularmente, acho que Olinda merece um dia inteiro de visita, podendo incluir o almoço, ou se você for no período da tarde, vale ficar até à noite.
Como estávamos hospedados em Recife e com carro alugado para passear, fizemos um tour mesclado com trechos caminhando e outros dirigindo. Mas se esse não for o seu caso, você poderá fazer todo o percurso à pé. Lembrando que o guia irá discutir e adaptar o roteiro ao que você estiver disposto a andar (são muitas ladeiras).
Agora só uma pincelada da história de Olinda
Ela foi a vila mais rica no tempo do Brasil Colônia até o início do século XVII, chegou mesmo a ser chamada de “Lisboa Pequena”, ou seja, à época era comparada apenas à sede da Corte.
Olinda foi fundada em 1535 e manteve seu esplendor até a invasão holandesa na Capitania de Pernambuco que ocorreu entre 1630-1654. Naquele momento Recife, ali ao lado, era apenas um pequeno porto, e Olinda era a vila mais importante. Porém a chegada dos holandeses, fez com que isso mudasse.
Por determinação do administrador holandês Maurício de Nassau, Recife, que foi chamada de Nova Amsterdam, deveria ser modernizada para que daquele porto fosse possível escoar as riquezas brasileiras direto para o novo colonizador. Com isso, muitos prédios de Olinda foram destruídos ou saqueados para o material fosse usado no embelezamento da cidade vizinha. Apesar da grande descaracterização, Olinda ainda preserva várias igrejas e conventos em estilo barroco e uma imensa variedade de prédios coloniais, além de manter seu traçado original.
Igreja de Nossa Senhora do Carmo
A Igreja de Nossa Senhora do Carmo foi a primeira que vimos quando chegamos em Olinda. Está instalada na parte mais elevada da praça de mesmo nome. Ali se instalou a Ordem das Carmelitas, sendo esta, a mais antiga das Américas. Muito foi perdido com a invasão holandesa e até mesmo o sino que era o maior da cidade, foi derretido para virar armamento.
A igreja foi reconstruída em 1720, pelos portugueses após a expulsão dos holandeses.
Igreja e Mosteiro de São Bento
Em seguida, partimos para conhecer a Igreja e Mosteiro de São Bento, na esperança de ainda conseguir ouvir o final da missa das 10h daquela manhã de domingo. Isso porque é o dia em que ela acontece com canto gregoriano. Se tiver interesse, lembre-se disso na hora de programar seu passeio.
A construção original é do final dos anos 1500, sendo a segunda instituição beneditina a se instalar no Brasil. Assim como a maior parte da cidade, precisou ser reconstruído após a expulsão dos holandeses. Em sua biblioteca funcionou por mais de duas décadas, o primeiro curso de Direito de Brasil.
Seu interior é de uma nave apenas e o teto é pintado com motivos florais. O altar-mor em madeira revestida em ouro. A sacristia é considerada uma das mais ricas de todas as igrejas de Olinda, pois tem várias talhas douradas, espelhos e painéis com cenas da vida de São Bento.
Ao sair da igreja, repare no crucifixo em tamanho natural que está de costas para a capela-mor e assim, virado para fora da igreja. Isso para que os escravos, que eram proibidos de entrar, pudessem ver o cristo de frente.
Igreja da Misericórdia
Esta igreja está situada no ponto mais alto do Centro Histórico de Olinda, construída (1540) juntamente com o Hospital da Santa Casa de Misericórdia, a primeira do Brasil. Repare no brasão da Coroa Portuguesa no frontão da igreja. Mais tarde a igreja, assim como o hospital foram saqueados pelos invasores holandeses e depois a igreja foi reconstruída em estilo barroco, mas ainda com lembranças do estilo português.
Se estiver aberta, não deixe de entrar para ver o púlpito em talha dourada e os painéis pintados. Lamentavelmente estava fechada e não pudemos visitar por dentro.
Artes do Imaginário Brasileiro
Gostei muito dessa loja especializada no autêntico e criativo artesanato brasileiro. Está instalada em um casarão tombado pelo Patrimônio Histórico que tem um lindo jardim, onde você pode achar um recanto para descansar e tomar um sorvete que é vendido ali também. Eles trabalham diretamente com o artesão, procurando tornar mais justo o preço pra quem compra e mais rentável para quem produz.
Ali você vai encontrar um artesanato um pouco diferenciado dos demais locais. Não deixe de entrar, mesmo que seja só para apreciar os trabalhos artísticos nas áreas de decoração, utilidade do lar, vestuário, rendas, entalhamentos, pinturas, esculturas, etc.
Quatro Cantos do Centro Histórico de Olinda
O Carnaval de Olinda preserva as mais puras tradições dos antigos carnavais nordestinos. Pelas ladeiras da Cidade Alta desfilam as agremiações carnavalescas da cidade e uma multidão de locais e turistas. Ao final, todos se encontram no mesmo lugar, chegando por cada um dos quatro cantos. Adorei conhecer o famoso cruzamento de quatro ruas com o casario colorido característico de Olinda.
O “Quatro Cantos” foi imortalizado na canção de Alceu Valença, Me Segura Que Senão Eu Caio:
🎶 “Nos quatro cantos cheguei;
E todo mundo chegou;
Descendo ladeira;
Fazendo poeira;
Atiçando o calor…” 🎶
Não vai deixar de passar por lá e tentar entender como pode caber tanta gente em um espaço tão pequeno. Aproveite para curtir algum dos vários barzinhos da redondeza.
Casa dos Bonecos Gigantes de Olinda
Aqui está um ótimo local para você ver uma amostra do Carnaval de Olinda durante o ano todo. Aqueles bonecos gigantes que são a grande atração do carnaval, são fabricados nesta casa. A cada ano, novos personagens são criados, sempre inspirados no cotidiano brasileiro. Na Terça-feira Gorda é o dia do grande encontro de todos eles. O boneco mais popular e também o mais antigo é o Homem da Meia-Noite.
Como o espaço da exposição é pequeno, em dias mais movimentados pode ser difícil circular e conseguir tirar uma boa foto. Para visitar, você paga um pequeno ingresso e recebe uma rápida explicação sobre a história dos bonecos gigantes e depois pode circular pelo local.
É impressionante ver o tamanho dos bonecos e imaginar o peso que uma pessoa tem que carregar quando está “vestindo” um deles. Nosso guia nos disse que sai todos os anos com o mesmo boneco. Apesar da maioria dos bonecos ser de pessoas bem conhecidas, alguns me causaram alguma dúvida.
Observatório Astronômico de Olinda
Este foi o primeiro observatório astronômico construído no Brasil, mas também já funcionou como observatório meteorológico.
Sua construção foi devido a passagem de vênus e do Cometa Olinda em 1860. É uma construção cilíndrica em estilo neoclássico, mas nos anos 2000, recebeu uma cúpula para que fosse possível instalar telescópios.
Muita gente que visita o Centro Histórico de Olinda pensa que o observatório está sempre fechado, foi o que nós achamos também. Mas o fato é que ele só abre de terça a domingo à partir das 16h até às 20h. Então, se for de seu interesse visitá-lo, organize seu tempo para conseguir entrar no observatório.
Não foi o nosso caso, mas acredito que deve ser muito interessante passar uma noite em Olinda e assim aproveitar não apenas para conhecer o Centro Histórico mas também os arredores. Caminhar na praia e sentir o ar puro das sua áreas verdes.
Outros pontos turísticos que você não deve deixar de ver no Centro Histórico de Olinda são:
- Museu Regional de Olinda
- Museu de Arte Sacra de Pernambuco
- Museu de Arte Contemporânea
- Palácio dos Governadores
- Igreja da Sé
Este post faz parte de uma blogagem coletiva [8on8], onde no dia 08 de cada mês, alguns blogs se juntam para postar artigos sobre o mesmo tema, previamente votado entre os participantes. Para o mês de julho escolhemos o tema Centro Histórico. A seguir estão os links para os artigos das minhas colegas, quem sabe algum deles não serve de inspiração para a sua próxima viagem. 😉
Turistando.in – Um passeio pelo centro histórico de Gênova na Itália
Turista FullTime – Centro histórico de Manaus e as principais atrações
Travel Tips Brasil – O que fazer em Bergen – andando pelo centro histórico
O Berço do Mundo – Tomar e a linda Festa dos Tabuleiros
Mapeando Mundo – [8on8] Oito atrações para visitar no centro histórico de Praga
Chicas Lokas – O charmoso Centro Histórico de Florianópolis
Let’s Fly Away – [8on8] Viagem para Dubai, desvendando seu centro histórico
Destinos por onde andei… – Conexão em Bogotá, o que fazer?
Espiando pelo Mundo – Velhas cidades inesquecíveis pelo mundo
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